segunda-feira, agosto 20, 2007

Vá... a despachar que está tudo à tua espera, pá!

Desde o primeiro dia que vivo aqui, neste ponto fulcral da Rota dos Vinhos do Alentejo, que conheço o gajo. Assim que o vi pela primeira vez pensei cá para mim "Que bela ave rara. Vamo-nos dar lindamente!". E tinha razão em ambas as coisas. Primeiro porque o gajo sempre foi esquisito: Quando estava bem toda a gente que estivesse ao lado dele tinha obrigatoriamente de estar bem também, mas quando estava mal estava mesmo mal. Cabisbaixo, deprimido... A verdade é que tinha muitos problemas. Uns criados por ele próprio, outros ainda nem existiam e outros até que nunca chegaram a existir, mas lá que os tinha, tinha. E em segundo lugar, sempre nos demos bem. No princípio aquele tipo de loucura inspirada soldava-nos practicamente um ao outro. Falávamos a mesma língua, a da estupidez assumida, e até nos confundiam um com o outro: a mesma carinha de parvo, o mesmo penteado amaricado, a mesma constituição de pau de virar tripas, os mesmos companheiros, as mesmas bebedeiras... Enfim, éramos os melhores amigos.

Fomos crescendo. Ele mudou e eu mudei. Tenho para mim que dos dois fui o único que cresceu, o que provocou um certo afastamento. Já não nos confundiam. Eu era eu e ele já era ele. Apareceram as namoradas. Cada um para seu lado: eu para o meu e ele para o lado dos seus problemas imaginados, das suas dúvidas existenciais e das suas atitudes extremistas e absurdas. Mais me eu me afastei. Não tinha paciência para aquele tipo de coisas. Também eu estava a passar pela adolescência, mas como nunca sofri dos males dessa tenebrosa idade nunca percebi quem sofria. Problema meu? Sim, é possível.

A verdade é que, apesar de já não sermos tão inseparáveis assim, de já não sermos os melhores amigos do mundo, nem tampouco andarmos a confidenciar coisas um ao outro, ele será sempre ele. Ouvi uma vez alguém dizer que é preciso ter confiança com uma pessoa para conversar com ela sobre qualquer coisa, mas é preciso ter muito mais confiança para a mandar calar. Bem, eu perdi a conta das vezes que já o mandei calar, e aposto que ele também já perdeu a conta das vezes que me mandou fechar a matraca. Zangávamo-nos, gritávamos um com o outro, agredíamo-nos com insultos brejeiros quase todos os dias, só para depois irmos beber uma bejeca para o balcão como se nada se tivesse passado. Como dois verdadeiros irmãos: brigas violentas e pazes silenciosas.

Há duas semanas o gajo estampou o carro numa árvore. Sobreviveu por pouco. Todo entubado e cheio de sedativos em cima, só há poucos dias se começaram a ouvir boas notícias. Regozijo-me com cada uma delas. Ainda não fui ao hospital porque Lisboa ainda é um esticão e quero evitar a todo o custo o cheiro do formol.
Mas todos os dias, todos, sem excepção, ergo bem alto o meu copo à saúde daquele gajo. Seja um copo verdadeiro, seja um imaginário:

À tua, meu caro amigo! E vê se te despachas daí que tenho umas piadas giras para te contar sobre o teu Benfica e, claro, sobre ti. Ou pensas que lá por teres estado a lutar pela vida te safas? Isso é que era bom...

3 comentários:

Capitão Merda disse...

Vim aqui parar e deparei com um "link" para a minha "taberna"...
Grato pela atenção. Vou tomar a liberdade de fazer o mesmo.
Voltarei para ler este espaço com mais atenção...

Anónimo disse...

Nhé desde que dai sai que nao soube mais noticias. mas pelos visto ta tudo a melhorar ou assim espero.

Ao sardinha!!

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Anónimo disse...

Tava á espera deste post há já uma serie de tempo, eu sabia que nao me desiludias!!
É que é mesmo isso tudo que ai dizes, na verdade não conseguimos tar nem perto dos 100%, sem ele por perto!! Eu tenho para mim que tudo vai correr bem, e digo-te sinceramente que já tenho mtas sdds dakele "hó prima"...

"VÁ SARDAAA! TÁ TUDO Á TUA ESPERA, PAH!!!"