quarta-feira, julho 30, 2008

Há mesmo coisas fantásticas

Bem sei que isto saiu no Obvious. Aliás, foi lá que tomei conhecimento da coisa, mas não resisti a mostrar-vos isto. No entanto tenho a leve impressão que o faço mais por mim do que por vocês. Adiante. Chamam-se Cenci Goepel e Jens Warnecke, são alemães e desde muito novos têm um certo gosto em passar noites ao relento a curtir temperaturas glaciais e a admirar a escuridão. Até que, numa bela noite de Janeiro, algures na tundra escandinava um deles se lembrou de tirar uma fotografia à escuridão. O outro imitou-o. Aperfeiçoaram a coisa e pensaram que talvez fosse giro dar umas voltas pelo mundo a enregelar noites a fio. Ah, é verdade, esqueci-me de referir que, além de fotógrafos-morcego, um deles é pintor e o outro é cineasta de animação (ou será "animasta"?) o que é só por si um bom casamento. Se acham que não tenho razão vejam a amostra abaixo.


Nenhuma das fotografias tem nome. A única coisa que as identifica são as coordenadas geográficas do local em causa. Isto para quê? Para as fotografias não se transformarem em algo mais do que são. Parece-me uma razão mais justa que outra qualquer, não será?. Link

segunda-feira, julho 28, 2008

Ai as modernices...

Mais um triste caso de blogjacking.

* * *

Adenda: 24 horas depois de ter sido a primeira pessoa a utilizar a palavra "blogjacking" na internet (o que por acaso é uma total mentira, mas era giro, muito giro mesmo, que fosse verdade) os terroristas devolveram o seu a seu dono, aparentemente sem um único arranhão. Uma espécie de Ingrid Betancourt da blogosfera mas com menos tempo de cativeiro. Se bem que um dia inteiro a ver o próprio blog tomado por "ácaros" deve ser torturante ao ponto de se perder uns aninhos de vida.
Ora, para evitar males semelhantes aqui a gerência decidiu contratar pessoal especializado nesse tipo de tomadas hostis e entradas sem convite:


No caso de haver dúvidas sobre as suas capacidades é favor consultar C.V.

sexta-feira, julho 25, 2008

Geeks know it better


Sempre mantive uma periclitante fé na Microsoft. Pensava "porra, para estar em todo lado não pode ser tão má como dizem os geeks". O problema é que é mesmo assim tão má. Não se percebe como é possível, em finais do primeiro decénio do terceiro milénio, haver gente a fazer software repleto de 'bugs' e a lançá-lo a toda a bolina para a cara dos consumidores assim mesmo: repleto de 'bugs'. Bem, até havia desculpa se as coisas ainda fossem programadas em caves e garagens, mas como foi tudo feito em altos edifícios de vidraças espelhadas, Ó Vista, vai para o raio que te parta. Venha o Ubuntu. E o Office só não vai porque é a única ferramenta de software da Microsoft com crédito aqui no estaminé. Simplesmente porque ainda não apareceu nenhum OpenOffice minimamente aceitável e eficaz. Mas até esse que se cuide.

quinta-feira, julho 24, 2008

Elevando o Nível Intelectual com Charles Baudelaire


"O vinho exalta a vontade, o haxixe aniquila-a. O vinho é um sustento para o corpo, o haxixe, uma arma para o suicídio. O vinho torna as pessoas boas e amistosas. O haxixe isola. O vinho significa trabalho duro, ao passo que o haxixe é um sinónimo de preguiça. Por que estranha razão há-de alguém suportar a maçada que é trabalhar, lavrar a terra, escrever, enfim, fazer o quer que seja, se, com uma fumaça, pode alcançar o paraíso? O vinho é para as pessoas que trabalham e que merecem bebê-lo. O haxixe pertence à categoria dos prazeres solitários; foi feito para o ocioso infeliz. O vinho é útil, produz resultados frutíferos. O haxixe é inútil e perigoso."



N/B.: Não sei de que obra faz este texto parte, nem tampouco se faz mesmo parte de alguma obra. Desconfio que esteja no "Paraísos Artificiais" mas não tenho maneira de ter a certeza. O que sei é que roubei-o daqui. O resto é conversa.


terça-feira, julho 22, 2008

"There and Back Again"

Vivi no Porto durante dois meses, e se há quem pense que foi pouco tempo, eu sou uma dessas pessoas. Foi mesmo pouco tempo. Estava a "viver" a cidade quando fui obrigado, pelas ocultas forças que gerem os orçamentos dos seres humanos, a voltar ao Alentejo.
Durante um desses meses morei em casa de um amigo na Rua da Vitória, que me ficou como a mais lúgubre e pitoresca da cidade. Para quem não sabe, a Rua da Vitória é uma transversal à Rua das Taipas que sobe desde as traseiras do Mercado Ferreira Borges até à Cordoaria Nacional (ao lado dos Clérigos). É, portanto um dos muitos capilares do coração do Porto. Tem um único sentido e é tão estreita que a, aparentemente, simples tarefa de meter o carro a rolar pela Rua da Vitória sem um risco é coisa digna de gabarolice de peito inchado. Não é para todos. É escura e à noite poucos caminhantes (não conhecedores da sua natureza) se aventuram pelos seus paralelos. É, no entanto, uma rua pacífica. É um bairro minúsculo. Todos nos cumprimentam. Os miúdos jogam à bola e os velhos à bisca lambida em cima de grades de cerveja vazias. Ouvem-se os tradicionais, e carinhosos, "filho-da-putas" e "caralhos" e "puta-que-o-parius" por todo o lado. Cheira sempre a mar, porque o próprio mar escorre por entre as juntas dos enormes blocos de granito que impedem as ruas de desabar umas em cima das outras. Como se o mar ele próprio tomasse de assalto a cidade assim que o último portuense adormece e recuasse subitamente mesmo antes do primeiro acordar. Como se a cidade fosse lavada pelo mar todas as noites desde tempos que ninguém recorda.

E enquanto pensava nisto tudo era na maior parte das vezes interrompido por J. "vamos ao Taipas ó alentejano mal amanhado?". E lá íamos para o nosso poiso do costume para uma das sessões tri-semanais de "T&P" (tinto e poesia) no Taipas e Feijão. Entrávamos na tasca de portadas vermelhas e passávamos para outro mundo. Deixávamos as ruas de luminárias titubeantes e passávamos para o colorido domínio do Sr. António, ex-jornalista, actual poeta e taberneiro. Pilhas de livros em cima da mesa, um jarro de vinho, pão, azeitonas e queijo. Às palavras "agora vai-se recitar poesia e, ou se calam, ou pagam o que devem e vão prá puta que vos pariu" o silêncio é sepulcral. O resto da noite era nosso. Nosso, de Negreiros, de Beckett, de Pessoa, de Whitman e de quem mais viesse.


Foi assim que vivi durante um mês e não me importo que me obriguem a repetir. Se possível, durante mais um bocadinho, sim?


P.S.: Escrevi isto levado por um acesso de lembranças provocadas por este texto de Manuel Jorge Marmelo.
Obrigado, pá.

segunda-feira, julho 21, 2008

Microconto: O Sentido

Pensou no seu nome dias a fio. Imaginou cada letra a ser desenhada lentamente, como se uma pena invísivel e incomensurável fizesse nascer cada letra a partir do vazio, e tão devagar que poder-se-ia dizer que mundos infinitos eram criados a cada nova linha traçada. Pensou tanto tempo no nome dela que a própria palavra deixou de fazer sentido. Sentiu-se aliviado. Depois decidiu fazer o mesmo com outras palavras. Percorreu mentalmente todo o dicionário. Não satisfeito, passou para as palavras dos calões e dos vernáculos, para as línguas estrangeiras que conhecia e para algumas que desconhecia. Chamavam-lhe louco e ele sorria. Continuou, atarefadíssimo a sua cruzada. Abarcou, uma por uma, todas as palavras do Mundo e lentamente fez com que perdessem o sentido, o significado, a essência. Sem isso, as palavras tornaram-se nada mais que amontoados aleatórios de letras e sinais. Deixou para o fim o seu próprio nome. Depois disso esperava sentir-se feliz, limpo, purificado, purgado e divinalmente expiado. Poderia morrer em paz. Porém nada disso aconteceu e foi tomado por uma angústia pesada como o Universo. Faltava alguma coisa. Sim. Esquecera-se da palavra mais importante de todas. Esquecera-se da principal palavra que comanda a vida. Esquecera-se da Morte. E foi assim, já sem nome, sem memória, sem sentimentos, sem nada, que ao chegar à letra 'e' os seus olhos se fecharam e o seu coração lentamente desacelerou e parou. Assim mesmo, finalmente feliz, limpo, purificado, purgado e divinalmente expiado.

Mais coisas que me moem

Será que ninguém cala Valentim Loureiro? Já foi processado, já foi ilibado, já foi processado, já foi condenado, já lhe aconteceu tudo e mais alguma coisa e o gajo simplesmente não se cala... Que raio!

Coisas que me moem

Será que faz sentido um Futebol Clube do Porto esperar que um clube como o Internazionale Milano pague 40 milhões de euróis por um Ricardo Quaresma quando um clube como o Associazione Calcio Milan pagou ao Futbol Club Barcelona 25 milhões por um "ex-génio" da bola? Ai faz? Pronto, então se faz sentido está tudo bem. Mas não se esqueçam que um ex-génio pode voltar a ser um génio a qualquer momento. Já uma promessa de génio pode nunca vir a concretizar-se, sabiam?

Breaking News

Não sei se já repararam mas a Galeria foi actualizada recentemente com 8 fotos de uma série a que dei o assombroso título de "Clown's Balls". Foram tiradas durante o espectáculo do fabuloso Leo Cartouche em Arraiolos, durante o Tapete Está Na Rua 2008. E que grande espectáculo. Vale a pena ver palhaços assim: atentos, talentosos, esforçados e com um fascínio desmesurado pela dificuldade dos números. Só para terem uma ideia, o homem acabou a actuação a saltar à corda em cima de um monociclo de 2 metros enquanto cuspia fogo. Depois, pela noite dentro, quis o acaso que nos cruzássemos entre uma rodada de cervejas. Mesmo sem maquilhagem e sem a fatiota do seu alter-ego, Jens Altheimer, foi sempre suficientemente simpático para não se querer ver livre à força de um pequeno grupo de bêbedos chatos que lhe impigiam cerveja quente. Quem disse que os alemães não sabem o significado da palavra simpatia? Pronto, está bem, este está há muitos anos em Portugal, mas ainda assim é alemão...

quarta-feira, julho 09, 2008

Subscrevo, assino, rúbrico e até proclamo se for preciso.

"Empenho-me neste blogue e trato dele o melhor que posso e sei porque gosto de blogar. A liberdade que aqui se goza é de tal ordem que esta actividade até permite vários meios de pagamento consoante as prioridades: dinheiro, publicidade, links, elogio, reconhecimento, o regresso diário dos visitantes. É uma vocação, um gosto, um prazer, um acto de comunicação, uma forma simples de dizer através da escrita ou da fotografia ou do desenho ou do vídeo, seja o que for, Eu sou um indivíduo, estou aqui e sinto que tenho alguma coisa a partilhar com os outros, as minhas ideias, histórias, convicções, sentimentos - não sou uma condição humana pré-fabricada pelos media. Não sou solitário anti-social, terrorista, pedófilo, caluniador ou boateiro. Sou um blogger e o mínimo que espero é respeito por aquilo que faço todos os dias. No caso dos media ou dos seus fazedores de opinião, mostrar respeito significa apenas manter-se informado."

Marco, Bitaites

ESTE BLOG (AINDA) NÃO FECHOU!

Pois não. Nem se prevê que o faça brevemente. No entanto não têm sido poucas as coisas que me têm afastado da página de login do blogger. Entre trabalho, biscates, elucubrações gastronómicas e confrarias culturais pouco tempo tem sobrado para isto. As fotografias que vos havia prometido - acho que as prometi mais a mim do que a vocês - ainda estão para ser arranjadas, muitos textos (mas não tantos quanto isso, não se preocupem) ainda estão por publicar e muitas coisas estão para ser mostradas. Mas acalmai-vos, meu sequioso séquito! Prometo que para a semana cumpro todas as promessas (menos aquela de comer uma lesma viva se o Cristiano Ronaldo ficar no Manchester).

Para a semana cumpro tudo o que aqui prometi, mas antes disso, e muito infelizmente, tenho que ir aturar umas brasileiras que são tão sexys que já cansam, beber umas cervejolas com uma ciganagem muito bem enjorcada e fazer uma ou duas revoluções com muita, muita raiva contra A Máquina.

Assim sendo, fiquem bem e, se não nos virmos antes, até à próxima.
Tenham por cá saúde.