quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Mais quatro fitas vistas em 2008 D.C.

Walk the Line

Johnny Cash certamente não é a primeira pessoa, muito menos o primeiro músico, cuja vida dava um filme. E até nem foi uma vida muito atribulada quando comparada com outros vultos seus contemporâneos como Elvis ou Jerry Lee. Ex-militar casa com rapariga de boas famílias (Vivian Cash) e começa a sonhar com música. Insiste, insiste e insiste, contra a vontade da mulher que prefere a protecção do papá à provável loucura de um músico. Conhece June Carter, Jerry Lee Lewis e Elvis Presley. Mete-se na droga (que surpresa). Torna-se um êxito nacional. Afunda-se em alucinações metanfetamínicas e em longínquas memórias do seu falecido irmão mais velho. Bate no fundo. June salva-o, casam-se e vivem felizes o resto das suas vidas. Mais coisa, menos coisa é isto. Boa interpretação de Joaquín Phoenix e uma esplendorosa Reese Witherspoon na pele de de June Carter. O enredo, por estar demasiado focado em Cash, não deixa entender o verdadeiro volume do seu sucesso, dando-o a entender assim, tipo, "de raspão" como na cena em que Cash rasga um cheque de um milhão de dólares à frente do caixa do banco. Não está mau, mas também não está nada de fantástico. É um filme essencialmente para fans e curiosos.
3 em 5.

Sunshine


A Terra mergulhou num Inverno solar uma vez que, contra todas as expectativas, o Sol se está a apagar. Junta-se todo o material radioactivo do planeta, constrói-se uma ogiva nuclear do tamanho de Manhatan, envia-se uma equipa de astronautas para largar a laracha e reza-se para que aquela mistela atómica reanime a estrela moribunda.
À primeira vista é mais um filme catástrofe com laivos de ficção científica. Mas não é. É bem mais do que isso. É na sua essência um ensaio sobre a loucura humana e a ténue fronteira que a separa da sanidade. É um ensaio sobre os demónios de cada um e sobre a maneira de lidar com esses demónios. Sobre a atitude humana perante a ameaça de extinção e sobre sacrifícios. É, portanto, um ensaio sobre o Homem cujo pano de fundo é uma viagem até o centro do sistema solar. Não vale a pena esmiuçar efeitos especiais no século XXI: estão irrepreensíveis. A nave que transporta a salvação da Humanidade é bem mais parecida com a Estação Espacial Internacional do que com um Cruzador do Império de Darth Vader, o que lhe dá aquele toque de credibilidade necessário para manter a palavra "Plausível" na cabeça do espectador durante todo o filme.
Nada a assinalar quanto às interpretações.
4.5 em 5.

Os Seis Sinais da Luz


Pessoalmente sou um fan do fantástico. Vi e revi as Histórias Intermináveis e o Feiticeiro de Oz, passei-me da cabeça com o Senhor do Anéis, adorei as Crónicas de Narnia, suei na última batalha de Eragon e simpatizei com Potter. No entanto há coisas intragáveis. Os Seis Sinais da Luz é um deles. Até há ali umas ideias agradáveis, ou melhor, bons princípios de ideias agradáveis. Bons princípios de ideias agradáveis porque parece que essas ideias nunca chegam a assumir um papel preponderante no enredo, que, diga-se, é execrável. Mais um miúdo que é o Escolhido para salvar o Mundo. Enchem-no de poderes sobre-humanos que nunca chegam a ser utilizados, como por exemplo controlar o fogo. O protagonista fica a saber que pode criar e controlar o fogo como quem descobre que lhe nasceu o primeiro púbico, e até a reacção é parecida. Passados uns dias, durante um ataque de fúria, desata a explodir casas e carros o que nos faz pensar que a luta final contra o mauzão do cavalo preto (a única personagem de jeito no filme) vai ser um fabuloso espectáculo de fogo de artíficio. Errado. Nem sequer uma fagulha é solta nessa "épica" luta de dois minutos. Não sei que mais diga... Foi uma total desilusão (tinhas razão, N).
0.5 em 5. Só por causa dos tais bons princípios de ideias agradáveis.


Gato Preto Gato Branco

Revi este filme há uns dias pelo que isto não é uma crítica, mas uma homenagem. Tal como o filme em si é uma homenagem ao absurdo, ao improvável e à loucura inspirada, assim faço eu a devida vénia ao Sr. Kusturica e companhia. Um porco devorador de carros, um gigante que se apaixona perdidamente por uma anã, um comboio roubado (sim, roubado, não assaltado), velhos que ressuscitam, dentes de ouro e tiros para o ar fazem deste filme um dos meus favoritos. Se é bom ou se é mau não sei. Adoro-o, e quando se gosta assim tanto de algo não se pergunta porquê, gosta-se e pronto.

Fica aqui a cena em que Dadan Karambolo (o mesmo da famigerada cena do Pitbull-Terrier) extravasa alegria por finalmente ter conseguido casar a irmã, que não estava propriamente para aí virada.


1 comentários:

Eleanor Rigby disse...

O Emir é um senhor:D
Tb está na minha lista de favoritos:)