quarta-feira, agosto 06, 2008

Oh não... Outro blog com uma fotografia do Joker!



Pois, 'tá bem, mas não resisti. Ontem vi o Dark Knight e não consigo evitar rever mentalmente todas as cenas do Joker. O olhar lunático, os trejeitos faciais, os estalidos bucais, a língua irrequieta, os cabelos oleosos, a maquilhagem desbotada, o caminhar vagabundo. Simplesmente não consigo evitar. Não tem a ver com o hype (até porque desconfio muitos dos hypes) gerado à volta da morte de Ledger, tem sim a ver com a realidade. Com este filme Heath Ledger prova ao mundo inteiro que iria ser um grande actor. Pelo menos foi-o com este Joker. O resto do filme é mediano, nunca genial ou brilhante, simplesmente aceitável. E só não é tão mau, ou melhor, só não acho que seja assim tão mau como diz o Marco por culpa do elenco (o que haverá para dizer de Freeman ou Caine?) e do realizador. De Cristian Bale também não há nada a apontar. É um bom Batman/Wayne e ponto final. Não sei se é o melhor, mas é muito bom e cumpre bem os papéis.

As adaptações cinematográficas de bandas desenhadas não são tarefa fácil, e quando o são saem valentes bostas. Nolan mostrou mais uma vez (gostei do Batman Begins) ser bastante competente mantendo sempre o jogo escondido e revelando as cartas uma a uma, sem deixar que o espectador preveja muita coisa antes de realmente acontecer. Nota positiva também para os embates corpo-a-corpo que estão num nível dinâmico mas humanamente possível... acho eu. O que lhe falta é umas dioptrias de "Visão Tim Burtoniana" de Gotham City. A Gotham de Burton é fabulosa. Sombria, suja, impura, parece um franchising do Inferno em plena Terra e isto mesmo sem vermos um único habitante. A Gotham de Nolan parece uma cidade como outra qualquer, Sydney, Chicago, Vancouver ou mesmo a zona empresarial do Rio de Janeiro. Gotham City é Gotham City, tal como Basin City é Basin City. São únicas, não só pelo facto de fazerem parte do imaginário BD, nem só pelos seus peculiares habitantes. São únicas também pela sua arquitectura, pelo seu microclima, pelo seu smog, pela malignidade impregnada nas paredes e no alcatrão das ruas. Pela escuridão que reina pelas ruas de ambas mesmo que seja meio-dia em meados de Julho.
Na minha opinião bastava Christopher Nolan ter pedido ajuda a Burton (tal como Rodriguez pediu a Miller e Tarantino em Sin City) para Dark Knight ser, não só um sucesso de bilheteiras, mas um filme brilhante e genial. Assim o Joker de Heath Ledger foi desperdiçado num filme bom/mediano e já não há mais nenhum. E é pena.


N. do B.: Isto não é uma crítica. É uma nota do que penso sobre este filme em particular. Não é uma crítica porque isto não é um blog de críticas, apesar de às vezes, muitas vezes, parecer o contrário. Não há aqui ninguém com habilitações para ser crítico. O que há é um espectador que gosta de, e pode, dar a sua opinião. Muito obrigado e boa noite.

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