terça-feira, outubro 28, 2008

Momento Discovery Channel: A Jóia Cazaque

Quando o caro leitor ouve falar em Cazaquistão o que lhe vem à cabeça? Deserto, petróleo, Islão, cavalos, foguetões russos, União Soviética, nómadas, Avtomat Kalashnikovas modelo de 1947, Borat Sagdiyev, sujidade, mastigar pó, rude provincianismo eterno e a mulher de Borat, não é? Pois então é como eu e não estamos de modo nenhum muito longe da realidade. O país tem cerca 15 milhões de alminhas distribuídas por 2.7 milhões de quilómetros quadrados o que faz dele - segundo alguns excepcionais geógrafos - uma espécie de margem sul do Tejo mas com maior amplitude térmica. Mais de quarenta graus celsius de dia e quarenta graus negativos à noite. E isto no Verão. Ora, e alguém lhe dissesse que Norman Foster - Sir, Norman Foster, perdão, o senhor arquitecto Sir Norman Foster - pespegou lá um dos seus fabulosos mamarrachos que foi pomposamente baptizado de Palácio da Paz e da Concórdia? Ficava meio boquiaberto? E se lhe mostrasse a imagem abaixo?


Feche lá a boquinha, vá, que o gajo do cúbiculo do lado deve estar a pensar que o senhor anda a pornografar. Ora, esta maravilhosa pirâmide foi projectada para servir de cenário a convenções religiosas e tem tembém um luxuoso teatro com 1500 lugares, um jardim botânico e uma pequena taberna cuja especialidade são iscas de cavalos cazaques e tinto rasca de Borba, propriedade de um gajo chamado Anton Silvanovitch (acho que não preciso de explicar que o sufixo "ovitch" designa afiliação por descendência, sendo por isso filho de um tal de António Silva) se bem que desconfio um bocadinho desta última parte. Adiante.


O quê? Não me diga que não acha neste escultural tetraedro nada de assombroso. Realmente, se tivermos em conta a proposta inicial a coisa fica um bocado aquém, mas tenha calma meu caro que ainda não sabe da missa a metade. Como já disse aqui há atrasado, a amplitude térmica no Cazaquistão é bem maior que a amplitude máxima das pernas da Elsa Raposo e, como dizia o outro, o calor dilata os corpos. E se o faz, e faz mesmo, é perfeitamente concebível que o frio contraia esses mesmos corpos. Por mais sólido e estático que lhe pareça um edifício não se deixe enganar: a maior parte deles são mais irrequietos que a Shakira num baile de rua. Então como fazer para a dita pirâmide não desatar a espalhar vidro, ferro e betão por todo o lado? Simples. Patins. Arranjaram-se 34 patins gigantes (não se iluda, não são patins a sério, são apenas plataformas com rolamentos que deslizam em todas as direcções) e calçaram-nos em 34 dos 38 pilares que formam a estrutura base.


Quem disse que os muçulmanos estavam de costas viradas para o progresso, para o Ocidente e até mesmo para a Paz e Concórdia?!
Ah, falta referir que aqui o génio da patinagem fica na cidade de Astana, recentemente promovida a capital do país. A viagem não é barata, mas se for de Google Earth põe-se lá num pulinho.

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