terça-feira, maio 06, 2008

Ah, as modernices #2

Via-a no supermercado na secção da miudagem a escolher uns livros pequeninos. "Vais pintar isso tudo?" - provoquei eu apontando para o monte de cores. "Não, é para o J. E não são livros para pintar, pá, são livros para colar autocolantes" - respondeu ela.


Bem, na minha altura havia uma empresa chamada Panini. Graças a ela entrei nas minhas primeiras escaramuças e birras de coleccionador. Exigia nada mais que uma carteira de cromos por dia aos meus progenitores e acrescentava "se podes fumar também posso ter cromos". E bem antes dessa febre autocolante havia os livros para colorir. Tinha-os às dezenas. Pintei quilómetros de arabescos, umas vezes fora das linhas do desenho, outras bem alinhadinhas e outras vezes ainda houve em que o oleado da mesa da cozinha ficava um autêntico Pollock. Depois experimentava diferentes maneiras de pintar mais depressa e sem gastar tanta tinta (sempre fui um amante dos feltros da Molin) e até com as duas mãos. Ainda me lembro do dia em que percebi - ninguém até então me tinha explicado - que as nuvens não eram azuis, mas sim o pano de fundo das ditas cujas. Já foi há muito tempo, porra.


Imagino que a malta da minha geração, pelo menos os que decidiram ser pintores ou desenhadores, tenham começado com esses mesmos livros que eu devorava.
Já os miúdos de amanhã, e graças a estes inovadores cadernos de cromos, aposto que darão excelentes coladores de selos nos CTT. Mas pelo menos as santas mãezinhas deles terão sempre as mesas e as paredes de casa imaculadas, sem um único risco dos inomináveis feltros Molin.

2 comentários:

Eleanor Rigby disse...

Eu, quando era pequenita, fiz a proeza de desenhar a minha mãozinha na parede da sala...
Garanto que podia ter sido considerada uma obra Dadaísta, mas os meus pais não nunca tiveram uma mente aberta para a arte.

Lembro-me dos cromos, sim, e lembro-me ainda das "fotos" das Spice Girl coleccionaveis... muito bom x)

Ana Dionísio disse...

Eu coleccionava cromos da Barbie, numa caderneta que ganhei dos meus pais no dia da criança quando tinha 5 ou 6 anos. Depois vieram os cromos do Bolicao, com os cães de todas as raças, uns até tinham brilhantes. E tratava aquilo com uma estima!!!! estavam sempre bem guardadinhos, e quando abria as cadernetas era sempre com cuidado a ver se ainda lá estavm todos (é que a minha mana fazia a colecºção em simultaneo e às vezes não trocávamos cromos a bem....).

Bolas, o que me fizeste lembrar...

E pintar, sempre adorei pintar com canetas de feltro. O que quer que fosse...e onde quer que fosse, precisava era ter muita cor!!!!

beijos ;D

Ana