Via-a no supermercado na secção da miudagem a escolher uns livros pequeninos. "Vais pintar isso tudo?" - provoquei eu apontando para o monte de cores. "Não, é para o J. E não são livros para pintar, pá, são livros para colar autocolantes" - respondeu ela.
Bem, na minha altura havia uma empresa chamada Panini. Graças a ela entrei nas minhas primeiras escaramuças e birras de coleccionador. Exigia nada mais que uma carteira de cromos por dia aos meus progenitores e acrescentava "
se podes fumar também posso ter cromos". E bem antes dessa febre autocolante havia os livros para colorir. Tinha-os às dezenas. Pintei quilómetros de arabescos, umas vezes fora das linhas do desenho, outras bem alinhadinhas e outras vezes ainda houve em que o oleado da mesa da cozinha ficava um autêntico Pollock. Depois experimentava diferentes maneiras de pintar mais depressa e sem gastar tanta tinta (sempre fui um amante dos feltros da Molin) e até com as duas mãos. Ainda me lembro do dia em que percebi - ninguém até então me tinha explicado - que as nuvens não eram azuis, mas sim o pano de fundo das ditas cujas. Já foi há muito tempo, porra.
Imagino que a malta da minha geração, pelo menos os que decidiram ser pintores ou desenhadores, tenham começado com esses mesmos livros que eu devorava.
Já os miúdos de amanhã, e graças a estes inovadores cadernos de cromos, aposto que darão excelentes coladores de selos nos CTT. Mas pelo menos as santas mãezinhas deles terão sempre as mesas e as paredes de casa imaculadas, sem um único risco dos inomináveis feltros Molin.
2 comentários:
Eu, quando era pequenita, fiz a proeza de desenhar a minha mãozinha na parede da sala...
Garanto que podia ter sido considerada uma obra Dadaísta, mas os meus pais não nunca tiveram uma mente aberta para a arte.
Lembro-me dos cromos, sim, e lembro-me ainda das "fotos" das Spice Girl coleccionaveis... muito bom x)
Eu coleccionava cromos da Barbie, numa caderneta que ganhei dos meus pais no dia da criança quando tinha 5 ou 6 anos. Depois vieram os cromos do Bolicao, com os cães de todas as raças, uns até tinham brilhantes. E tratava aquilo com uma estima!!!! estavam sempre bem guardadinhos, e quando abria as cadernetas era sempre com cuidado a ver se ainda lá estavm todos (é que a minha mana fazia a colecºção em simultaneo e às vezes não trocávamos cromos a bem....).
Bolas, o que me fizeste lembrar...
E pintar, sempre adorei pintar com canetas de feltro. O que quer que fosse...e onde quer que fosse, precisava era ter muita cor!!!!
beijos ;D
Ana
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