quarta-feira, junho 25, 2008

Idiossincrasias de Blogger

Gosto de escrever. É um facto. Se o faço bem ou mal pouco importa, o que importa mesmo é que o faço. E, espante-se o caro leitor ou não, dá-me tanto prazer escrever como ler e reler o que escrevo. É como qualquer acto sexual tendo como única diferença essencial que o clímax, o momento em que digo "pronto, 'tá bom assim", pode chegar dias, semanas ou meses depois de o "baixar as calças". Não estou de modo nenhum a comparar a escrita com o sexo. Digamos que é apenas uma metáfora mas desta feita com o advérbio "como" entre as duas situações. No entanto não é só o escrever por escrever que me dá prazer. O assunto sobre o qual disserto e a maneira como o faço têm um papel tão ou mais importante como o facto de a minha parceira sexual usar tanga ou cuecas convencionais. Lá está o sexo outra vez. É uma metáfora, apenas e só uma metáfora. Estão a ver onde quero chegar? Então continuemos sem nos dispersar em considerações fúteis sobre tangas, fios dentais ou boxers, cintas de ligas ou soutiens de cetim (não gosto de rendas). E como eu estava a dizer, a maneira como escrevo tem uma influência importantíssima no índice de prazer obtido. Mais uma vez: se o consigo fazer bem ou não, não é importante. A escrita, tal como o sexo, é uma coisa que se aperfeiçoa ao longo do tempo. E nem é uma questão de quantidade de linhas escritas. É na realidade uma razão matemática que confronta a quantidade de coisas escritas com a qualidade geral média dos textos. Ou por outras palavras: o número quecas dadas confrontado com o número de orgasmos obtidos por todas as pessoas envolvidas. Qualidade vs. Quantidade. Capisce?

Por isso adoro a blogosfera e tudo o que lhe é inerente. Se não fossem estas coisinhas aparentemente inócuas, grande parte do prazer e crescimento intelectual de que tenho sofrido nos últimos 5 anos nunca teria tido lugar.

Adoro principalmente escrever assim. Só porque me apetece. Nem tinha vindo preparado para isto. Vinha só ver como paravam as modas. Não me controlei e acabei por dar uma pinocada de algumas linhas. E deu-me uma tusa do catano. É isto. É isto a blogosfera. E é mesmo por isto que aqui estou.

segunda-feira, junho 23, 2008

Shaun, the Sheep, by Aardman Studios

Não sei se já tinham ouvido falar do Shaun, the Sheep. Se ainda não ouviram falar, ora aqui está uma boa oportunidade de o fazerem. Outra genial produção dos estúdios Aardman (Wallace & Gromit), é uma série infantil que nos mostra o dia-a-dia de um rebanho de ovelhas deveras peculiar. O cão pastor e o, aparentemente, dono do rebanho compõem o elenco principal. Animação em plasticina ao melhor nível que se pode imaginar. Vi-os hoje no Onda Curta da RTP2 e tenho que vos mostrar isto. Até estou a pensar em postar um episódio todas as semanas, naquela de me armar em canal de televisão com entretenimento de extremo bom gosto.



Shaun, the Sheep - Little Sheep Of Horrors

domingo, junho 22, 2008

O meu Euro 2008 a partir de agora:

Buena Suerte, hermanos!

ou, se as coisas correrem mal hoje,

حظا سعيدا ، الناس من المشرق!



Adenda pós-120 minutos e penáltis: E viva España! Sempre simpatizei com os italianos, mas neste caso fui obrigado a abrir uma excepção. Os espanhóis estiveram do lado de Portugal, agora é justo torcer por eles. Afinal de contas são os nossos vizinhos do lado.

sábado, junho 21, 2008

Elevando o Nível Intelectual com Woody Allen


"(...) - Ok - disse ele. - Flashback para há seis meses atrás, quando o rapazinho da Sr. Endorfina, aqui o Max, andava em bolandas, emocionalmente falando, devido a uma série de atribulações, as quais, contando com a minha boina mal posta na cabeça, não foram de modo nenhum inferiores às de Job. Primeiro uma coisinha fofa da Formosa a quem eu andava a dar um curso de anatomia hidráulica dá-me com os pés, trocando-me por um aprendiz de pasteleiro; de seguida, sou processado numa soma equivalente a muitos presidentes mortos por fazer marcha atrás com o meu Jaguar contra uma Sala de Leitura de Cientologia. Acrescente-se a isso que o meu único filho de um anterior holocausto conubial desiste do seu lucrativo escritório de advocacia para se tornar ventriloquo. Por isso ali estava eu, deprimido e assustado, esquadrinhando a cidade em busca de uma raison d'être (...)"


Woody Allen
in Pura Anarquia
Gradiva Ficção

sexta-feira, junho 20, 2008

Mikroworld de Sam Buxton


Reza a lenda que Sam Buxton, um designer londrino que passou pelo Royal College of Art, quis fazer um cartão de apresentação profissional, como todo o profissional que se preze. Então, em vez de ir a uma daquelas máquinas automáticas de impressão de cartões, desenhou ele próprio um cartão (que, aliás, era de aço inoxidável) que, ao ser dobrado pelos sítio certos, se transformava numa figura tridimensional de um homem sentado num escritório. Ora, que melhor apresentação poderia haver para um designer? Daí a outras experiências de desconstrução-construção de folhas de aço inoxidável, como casas, carros, fundos marinhos ou prédios inteiros, foi apenas um passo. Um longo e extenuante passo. Um passo cheio de paciência e visão. Um passo brilhante.

Há uma exposição (Mikroworld) dos trabalhos do homem na biblioteca municipal de Arraiolos até 29 de Junho. Vão ver que vale a pena. Já lá fui algumas 6 vezes e continuo a ficar embevecido com aquilo tudo. Link

Na mesa de cabeceira...


Depois conto como foi. Já agora, o Leviathan, apesar de não ser o melhor livro do mundo (nem sei se existirá algo parecido) é muito bom. Aconselho. Para ler calmamente sem compromisso.

Ainda assim estamos entre os 8 melhores da Europa

Então quer dizer que Portugal, a aparentemente, toda-poderosa selecção portuguesa, levou nas trombas alarvemente de um bando de teutões mal-amanhados. E foi bem feito! No primeiro golo são vários os erros: quatro jogadores portugueses permitiram que apenas dois alemães passassem entre eles como se fossem espectadores de uma corrida Nascar. Segundos depois, Schweinsteiger (a nossa sexta-feira 13 com pernas, o nosso gato preto de cabelos prateados) está, antes de marcar o golo, a ser perseguido por um defesa (não percebi qual) e há outro que está plantado na área completamente sozinho. Pergunto-me se este último não terá visto o cruzamento ou, se por outro lado, quer ser alemão desde pequenino? Nos outros dois golos foi o que se viu: num, o Ricardo não sai da baliza e sofre um golo; no outro Ricardo sai da baliza e sofre um golo. Depois disso, toda a inteligência portuguesa foi posta em campo: contra uma defesa composta por torres intransponíveis em altura, vá de cruzamentos para a área sem o mínimo critério. Nada de jogadas individuais que perfurem a defesa, nada de velocidade, enfim, nada de usar as nossas vantagens tácticas sobre um adversário pobre em velocidade e técnica. Contra equipas como a Alemanha não se podem sofrer golos e tentar recuperar. Isso é praticamente impossível.

Ainda assim, foi bonito ver os germânicos entrarem em pânico cada vez que Portugal subia com a bola. Entravam em pânico porque não conhecem os nossos índices de estupidez natural. Foi bonito ver a poderosíssima Alemanha defender pontapés de canto com 11 jogadores, tendo eles a vantagem que têm e estando a ganhar por 2 a zero.
Portugal perdeu e perdeu bem. Merecia isso. A derrota, em primeira instância, serve a Alemanha, obviamente. Em segunda, e numa instância bem mais importante, devolve-nos os níveis de humildade que já começávamos a perder. Ser campeão da Europa ou do Mundo não é um caminho fácil nem curto. Não é em seis anos que um país assim, de fracas tradições futebolísticas, se transforma numa potência do futebol. Não, senhor. Mais Cristianos Ronaldos hão-de surgir e outros desaparecer antes de conseguirmos levantar uma taça daquelas. Claro que podem dizer "então e a Grécia?! Merecia?!" não, não merecia. Mas nós não gostamos de coisas assim, fáceis, quase a roçar a cobardia. Saber-me-ia a vinagre uma vitória assim. Uma vitória sem glória.

Scolari despediu-se de forma inglória. Vou ter saudades dele, acho que vamos todos, mas Felipão também merecia esta derrota. Apenas e só pelo facto de depois deste tempo todo ainda não ter percebido que Ricardo só deve ser convocado para jogar contra a Inglaterra.

Godspeed Scolari.

segunda-feira, junho 16, 2008

Se não há é porque não há, se há é o que se vê!

E pronto, o tapete já não está na rua e tudo volta à normalidade. Até mesmo este blog volta à normalidade. Mas antes de mais, antes de fazer a retrospectiva do que foi visto e achado n'O Tapete Está Na Rua 2008 (e não foram só tapetes, garanto-vos), quero desancar alguns leitores deste que abaixo vos assina. Então vocês, meus troca-tintas de meia tigela, depois de vos andar a moer o juízo durante dias a fio para se inscreverem no concurso de fotografia, mesmo assim não o fizeram?! Que raio! Trezentos e cinquenta euros em prémios não são suficientes para tão habilidosos fotógrafos, é? Dez euros será um preço demasiado alto para uma inscrição que até dava direito a uma exposição colectiva (além, claro dos prémios e de um farto jantar convívio)?! Com o devido respeito, sois todos um grande bando de anormais. Se oiço alguém nos próximos dias dizer que "ah, pensava que as inscrições ainda não tinham terminado e não sei quê" juro que o espanco com os quilos de Regulamentos e Fichas de Inscrição que mandei imprimir numa gráfica mais ou menos conceituada. Parecendo que não esta merda deu trabalho a organizar: fazer propostas para aprovação, andar a pedinchar verbas (ou pensam que o dinheiro da inscrição ia chegar para tudo?), compor cartazes e textos de apresentação, fazer um regulamento, arranjar um júri minimamente decente e andar a distribuir cartazes por todo o lado. Tudo para no fim ninguém se inscrever! Parvalhões! Não me enganam outra vez... Não senhor. Para a próxima arranjo maneira de participar também. Adeus e obrigado.


(Prontos, já passou... Mansinho... Mansinho... Lindo menino...)

segunda-feira, junho 02, 2008

Bloguices

O Telmo está a fazer uma private party. Fechou o blog a não-convidados e agora delicia-se com a ilusão de poder provocada pelo facto de ser ele a deixar, ou não, alguém entrar no seu espaço. Delicia-se com a ilusão de ser um porteiro espadaúdo e mal-encarado ao mesmo tempo que a ideia de ser o centro de todas as atenções da festa o faz sentir como a uma estrela na passadeira vermelha em dia de Óscares. E não, eu não estou à porta da festarola de orelhas em baixo a implorar para entrar. Simplesmente passei pelo sítio em questão e o porteiro, carrancudo, pôs-me a mão no peito e disse "só com convite". Encolhi os ombros, soltei um sorriso de desdém e voltei-lhe as costas.

Ora, se eu quisesse fazer uma festa reservada a um punhado de pessoas pura e simplesmente começava a festa sem que ninguém soubesse, exceptuado, claro, os convidados, em vez de fechar uma festa já anteriormente aberta ao público. Mas nunca o faria. Nunca o faria porque vai contra aquilo que eu acho que é a primordial razão de existência da blogosfera: a livre circulação de ideias sem quaisquer barreiras (tirando obviamente aquelas que por uma razão ou por outra têm de ser erguidas, como a moderação de comentários ou verificação de palavras).

Mas talvez isto tudo seja parvoíce minha que ando um bocado rabugento. Talvez, quem sabe, o rapaz até restringiu o acesso ao blog por causa de gente parva e rabugenta como eu. Talvez, quem sabe?