sexta-feira, maio 30, 2008

Memória Fotográfica.Arraiolos - Concurso de Fotografia


Aqui há atrasado tinha escrevinhado aqui mesmo neste tasco que não gostava muito de concursos de fotografia, que eram demasiado subjectivos e que forçavam a criação artística através da imposição de temas (na verdade, não estou muito certo de ter dito isto, mas disse agora). Vai daí, o que é que eu fiz? Isso mesmo: um concurso de fotografia.
Sem tema aparente, apenas com uma condição: as fotografias serem tiradas durante a edição deste ano d'O Tapete Está Na Rua 2008. Pretende-se que os concorrentes se esforcem por contar histórias, no fundo, reportagens e não apenas disparar para o prémio. Durante a semana (de 6 a 15 de Junho) de duração dessa iniciativa, aqui em Arraiolos, não vão faltar coisas para fotografar. Desde reconstituições históricas do fabrico do Tapete, a animações de rua passando mostras de artesanato, feira do livro até aos concertos diários na Praça da vila, com David Fonseca, Clã, Jacinta e uma parafernália de grupos do concelho, incluindo os Terras de Rayo (procurem na barra lateral).

Portanto, se quiserem aparecer e disparar o obturador que nem uns loucos é fazerem-no. As inscrições são feitas na sede da Associação Casa das Artes de Arraiolos, na Rua Alexandre Herculano nº18, e no Posto de Turismo de Arraiolos, na Praça Lima e Brito, para quem não sabe. O regulamento será entregue no acto de inscrição. Os prémio não são passíveis de criar excêntricos mas são qualquer coisa que se veja. Já o preço de inscrição é quase o mesmo da uva mijona.

Já agora, para não correr o risco de levar uns tabefes, este concurso é organizado pela Casa das Artes com o total, mas condicional, apoio da Câmara Municipal de Arraiolos.

Se quiserem mais informações deixem comentário na caixinha criada para o efeito.

Raposas em chamas, internet e Guiness

Os manda-chuvas (tanto sentido que esta expressão tem no dia de hoje) do Mozilla resolveram tentar bater um recorde mundial: o de programa que mais vezes foi descarregado da internet em 24 horas. Espertalhões. Além de fazerem publicidade à sua nova bomba cibernáutica, o Firefox 3, garantem que milhões de internautas usem o software a partir daquele dia. Tenho para mim que neste momento o Internet Explorer sente um friozinho no estômago e as perninhas a tremer.

Já reservei um download para mim. E tu?! É só clicar algures na barra lateral onde diz Firefox 3 - Download Day 2008 e depois na página oficial da iniciativa clicar em Pledge Now. Não tem nada que saber. Engraçado mesmo é descobrir que há 15 pessoas no Lesoto que já reservaram a coisa. No Suriname há 11 e, espante-se, no Cazaquistão há 273 que já fizeram o mesmo. Oh, admirável mundo da raposa.

quinta-feira, maio 29, 2008

De marés e erecções

Em mim a literatura trabalha por marés. Ora baixas, em que mal pego num livro o aborrecimento fecha-me as pálpebras e a falta de oxigénio no cérebro leva-me ao bocejo convulsivo; ora altas, em que a vontade de ler se sobrepõe até às vicissitudes fisiológicas do ser humano. Assim mesmo: nas marés altas a leitura torna-se quase, quase, uma obsessão. Chego a armar-me em Marcelo Rebelo de Sousa e estar a ler três livros em simultâneo (não ao mesmo tempo, mas são três os livros em cima da mesa de cabeceira). Assim mesmo: com sofreguidão, com pujança, com gula. E o que acontece? Tal como um miúdo na alvorada da puberdade, meto os pés pelas mãos, e, sem saber como canalizar tanto "tesão literário", acabo por deixar livros a meio. E isso, já diziam os antigos, é muito, muito feio.

Pois agora a maré está em altas. Ontem, ao deitar despachei dois capítulos deste que aqui em baixo se vos apresenta. Depois deste ainda tenho na ementa uma enorme colecção de clássicos de bolso da Europa-América; O Jogador, de Dostoiévski; Contos, de Kafka; A 3ª Visão, de Rampa; Fúria, de Rushdie e o Cinco Semanas em Balão, de Verne. E, claro, faço intenções de os despachar todos antes desta maré vazar. Terei uma indigestão? Certamente. Ainda para mais porque vem aí uma Feira do Livro. Mas vamos com calma desta vez. A pressa sempre foi inimiga da precisão. Até porque aos 26 anos a perícia em manusear certas ferramentas também já é muito maior do que na puberdade.



terça-feira, maio 27, 2008

Bloguices

Há poucas coisas que me irritem mais na blogosfera do que fecharem blogs. Não sinto pena por nunca mais ler aquele tipo de coisas que me fazia visitar esse blog. Não. Nada de penas. Fico somente irritado. Como quando começamos a seguir obsessivamente a primeira temporada de uma série televisiva para depois descobrirmos, da pior maneira, que o canal de televisão em questão não comprou a segunda série. Ficamos presos. Presos numa espécie de nova realidade, numa espécie de novo mundo em que deixa de existir algo que nos deliciava, nos inspirava, nos relaxava, nos tonificava intelectualmente.

Não percebo como é que blogs como o do Bandeira fecham. Percebo sim que blogs como este mesmo que agora lêem o façam, agora aqueles não. Blogs de individualidades assim, cultas, férteis, criativas e inspiradoras, não deviam, sob pretexto algum, fechar. Alguém que dê um subsidio ao homem, se for preciso. Façam-se petições, desça-se a Avenida da Liberdade de cartazes em punho, faça-se qualquer coisa que obrigue este tipo de bloggers a manter viva a chama que os trouxe até aqui. Façam qualquer coisa, porque eu não faço. Vou ali para o canto, de braços cruzados e sobrancelha franzida, bater o pé um bocadinho.

* * *

Adenda: Menos de 24 horas depois deste post ser publicado eis que mais um teatro baixa a cortina. Temporariamente, diz-se. Seja como for é uma maçada. Mais uma verdadeira maçada a juntar ao extinto Diário, de Tiago Galvão e à Memória Inventada, de Vasco Barreto. Sem links que estou amuado. Negros tempos vive a blogosfera.

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Adenda II: Julgo que o Teatro Anatómico sofre de narcolepsia.

segunda-feira, maio 26, 2008

Idiossincrasias de um Desenhador Projectista

"Conhecer tão bem como a sua própria mão algo que ainda não existe."

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P.S.: Tenho trabalhado que nem um transmontano. E em dois lugares, ainda por cima. Mesmo assim, consegui manter os mínimos olímpicos no que às obrigações matrimoniais dizem respeito. É obra. Quem sofre é o blog, coitadinho. E vocês, assídua meia dúzia de leitores? Não sofrerão também? Nem quero saber. Ele existe e sobrevive por mim e não para vocês. São as idiossincrasias da blogosfera. É assim mesmo a vidinha. Lamento atirar-vos à cara a realidade crua assim, alarvemente, como quem acende um cigarro num avião apinhado de jornalistas e depois pede desculpas em público. Assim mesmo, sem pudor e com muita prepotência.

P.S.II: Adoro fazer P.S.s maiores que o texto principal. Principalmente se durante esse P.S. me subir no sobranceiro pedestal da condescendência e do desdém. Ah, nota muito importante: P.S. significa Post Scriptum, ou algo parecido, e parece-me estúpido explicar para que serve. Não confundam o P.S. deste post (prepotente, condescendente) com o P.S. - Governo (prepotente, condescendente). Qualquer semelhança entre os dois é a mais pura, puríssima, tão pura como a neve, coincidência.

segunda-feira, maio 19, 2008

E agora o Acordo Ortográfico: Propostas

Após um exaustivo estudo da língua portuguesa (com ínsones elucubrações, litros e litros de cafeína e espirros convulsivos provocados pela fauna e flora bibliotecária), e porque estamos à beirinha de assinar um Acordo Ortográfico manhoso, vejo-me na obrigação de propôr algumas alterações além daquelas já propostas pelos meretíssimos catedráticos "palopianos".


Uma dessas pertinentíssimas alterações que proponho, do alto da minha condição de falador de português há mais de 25 anos, é a da palavra "professor". "Professor" não dá jeito. É comprida, e um "éfe" a meio de uma palavra é como um degrau a meio de uma maratona dos para-olímpicos: só atrapalha. É demasiadamente usada e tem a inútil particularidade de ser um título usado antes do que se quer realmente dizer. Além do mais, os maiores utilizadores desta palavra são inerentemente os alunos, que nalguns casos optam por chamar o professor de "setôr" (variável canastrona de "senhor doutor"), estando na grande maioria das vezes errados. O que proponho eu, então? Nada mais do que mudar a palavra escrita para a palavra falada: trocar a palavra "professor" por "prossôr", com ou sem acento circunflexo, dependendo das condicionantes do famoso Acordo. Assim, e seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos, e devemos, já que estamos numa de modernizar a língua, mudar a palavra "televisão" para "tuvisão", ou mesmo "programa" para "pugrama", e por aí adiante. É o pugresso, meus caros. É o pugresso.

terça-feira, maio 13, 2008

He's back, Rochemback!


1) Este já está. Falta o Pauleta (!), o Viana e o Caneira. Estou com curiosidade de ver o primeiro finalmente vestir a camisola de um dos "grandes" e não estou minimamente preocupado com a eficácia do homem - depois de Alecsandro, Bueno, Purovic e Tiui só se pode melhorar. Quanto aos outros dois, já era mais que tempo de voltarem para casa e ver se ainda sabem jogar à bola. O tempo passa, não estão cada vez mais novos, o dinheiro não é tudo na vida e, por mais confortáveis que sejam os bancos de suplentes, onde domingo após domingo sentam os vossos rabinhos, ao Sporting fazem falta dentro das quatro linhas. Muita falta. Sobretudo se Moutinho e Veloso emigrarem.


2) A inominável tortura que foi este campeonato finalmente acabou. Porto campeão, Sporting o eterno segundo e Benfica ainda sem argumentos para os ultrapassar. Rui Costa despede-se e deixa o futebol português muito mais pobre e o Benfica com mais inteligência nos corredores do seu politburo. Guimarães, recém-regressado à primeira liga ficou a morder os calcanhares aos "grandes" e está de parabéns, juntamente com aquela criatura que se dá pelo nome de Manuel Cajuda (grande treinador de pequenos clubes). Boavista, campeão em 2001 desce de divisão por ordem do tribunal, enquanto o F.C.P. perde 6 pontos que, por via de Lisandro Lopez e Quaresma, não lhe fazem falta nenhuma. Areia nos olhos dos ingénuos. Não, caros amigos, apesar disto dos Apitos Dourados e Finais, ainda não se fez justiça no futebol. Ah, pois é.


3) Não sei explicar, mas tenho um fascínio desmesurado pelas pré-épocas. As caras novas, as que regressam, as que partem, os novos sistemas, as experiências, as promessas. Isso fascina-me. Prefiro uma pré-época à época de jogo. Prefiro o defeso invernal às semi-finais da Taça. Prefiro o Torneio do Guadiana à Taça da Liga. Não sei explicar, não sei. A verdade é que, para mim, agora é que vai começar a "bola".


domingo, maio 11, 2008

Coisas que gostava de ter se tivesse uma estufa


As Lithops, ou plantas-pedra, pertencentes à família das Aizoaceae, são coisas grotescas. Parecem pedras, de facto, ainda para mais se as encontrarmos no seu habitat natural - os desertos pedregosos do sul de África. E se a encontrarmos num vaso em casa de um amigo - fora da época de floração, obviamente - pensaremos apenas que o rapaz ensandeceu e anda a semear pedras de aparência assaz estranha. A verdade é que, aparentadas com calhaus ou não, as ditas Lithops florescem, no Outono (só para contrariar as modas), dando origem a algo parecido com malmequeres ligeiramente maiores que o corpo da planta. E diga-se, o corpo da planta é mesmo o mais pitoresco do pitoresco ser: é cónico, ou cilindrico, e tudo o que se vê à superfície do solo são as duas grotescas folhas parecidas com seixos. O caule está bem enterrado na areia e não é invulgar as folhas possuirem partes traslúcidas - as chamadas janelas (onde é que terão arranjado este nome?) - para permitir a passagem da luz a partes mais profundas da planta. Cultiva-se facilmente e não requer muita água. O que as Lithops reivindicam mesmo a sério é pouca humidade atmosférica e temperaturas acima dos 10º Celsius.
Pronto, agora só falta encontrar quem me venda, ou ofereça (de preferência), criaturas destas. Se alguém tiver pistas sobre como arranjar Lithops não se acanhe e deixe um comentário no local reservado para esse efeito.

sábado, maio 10, 2008

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"O fundo do poço já não brilha com a lua a cheia, nem bebe do sol a luz que o despertava. Agora é uma lama negra, gretada, uma terra gasta, recheada de folhas podres que o vento perdeu nos seus devaneios.
Habitam-no uma rã velha e uma pequena cobra de água que para lá caiu na última Primavera, no desespero da fuga às garras de um falcão peregrino."


Carlos Canhoto
, com ilustrações de Zé Gandaia: O Monte Secou, editado pela Pé de Página Editores.

Publicidade Institucional


"Em 1640, D João IV é aclamado rei, recuperando Portugal a sua independência. Para a manter era necessário «aparelhar para a resistência» e no Livro das Vereações de 1640-42, pode ler-se:

«1.º - Tratarão de pedir a Sua Magestade, que mande reparar os muros e castelo e barbacã para a defesa desta vila;

2.º - Tratarão de pedir a Sua Magestade que se conserve o castelo com habitação de gente, para que obrigue aos moradores desta vila, aos ricos e abonados para que façam lá casas;

3.º - Pedirão armas, tambores, bandeiras e peças de artilharia para o castelo.»"

Bruno Lopes, O Castelo de Arraiolos, editado pela Apenas Livros, Lda.

terça-feira, maio 06, 2008

Ah, as modernices #2

Via-a no supermercado na secção da miudagem a escolher uns livros pequeninos. "Vais pintar isso tudo?" - provoquei eu apontando para o monte de cores. "Não, é para o J. E não são livros para pintar, pá, são livros para colar autocolantes" - respondeu ela.


Bem, na minha altura havia uma empresa chamada Panini. Graças a ela entrei nas minhas primeiras escaramuças e birras de coleccionador. Exigia nada mais que uma carteira de cromos por dia aos meus progenitores e acrescentava "se podes fumar também posso ter cromos". E bem antes dessa febre autocolante havia os livros para colorir. Tinha-os às dezenas. Pintei quilómetros de arabescos, umas vezes fora das linhas do desenho, outras bem alinhadinhas e outras vezes ainda houve em que o oleado da mesa da cozinha ficava um autêntico Pollock. Depois experimentava diferentes maneiras de pintar mais depressa e sem gastar tanta tinta (sempre fui um amante dos feltros da Molin) e até com as duas mãos. Ainda me lembro do dia em que percebi - ninguém até então me tinha explicado - que as nuvens não eram azuis, mas sim o pano de fundo das ditas cujas. Já foi há muito tempo, porra.


Imagino que a malta da minha geração, pelo menos os que decidiram ser pintores ou desenhadores, tenham começado com esses mesmos livros que eu devorava.
Já os miúdos de amanhã, e graças a estes inovadores cadernos de cromos, aposto que darão excelentes coladores de selos nos CTT. Mas pelo menos as santas mãezinhas deles terão sempre as mesas e as paredes de casa imaculadas, sem um único risco dos inomináveis feltros Molin.

sexta-feira, maio 02, 2008

Classics of Rock & Roll #1



Tutti Fruti, by Val Kilmer in Top Secret
Versão original.

quinta-feira, maio 01, 2008

Vénia sentida a... James Natchwey

Um nome incontornável do foto-jornalismo mundial e como tal farta-se de passear: esteve no Afeganistão, no Kosovo, no Sudão, na Bósnia, no Ruanda, no Paquistão, na Indonésia, na Tchétchenia (que raio de nome), no Iraque e estava em Nova Iorque quando se deu o ataque ao World Trade Center. Um sobrevivente de câmara em punho, portanto. Aliás, reza a lenda que, aquando da invasão americana do Iraque, aqui o nosso amigo Natchwey e um outro chamado Weisskopf, ambos ao serviço da Time Magazine, iam numa bela passeata pelo território babilónico abordo de um lindíssimo Humvee camuflado do exército invasor, quando um indigena atirou uma granada para dentro do dito jipe. Ora, não querendo estragar os estofos do luxuoso jipe - e imaginando que o dono do machibombo se zangaria a sério - Michael Weisskopf ainda conseguiu atirar a granada para fora do Hummer, não evitando que esta, no entanto, explodisse e os ferisse a todos com gravidade. Conta-se - esta sim, é a parte gira - que Natchwey, ensanguentado até aos tornozelos, ainda tirou meia dúzia de fotografias aos paramédicos assistindo os seus companheiros antes de desmaiar. Passados uns meses já estava a bordo de um avião a caminho da Indonésia onde tinha acontecido um certo e terrível tsunami. Homens assim são raríssmos. E homens assim a tirarem fotografias assim tão boas não são raros: são únicos.


Afeganistão, 1996 - Chorando um irmão morto por um rocket taliban


Sudão, 1993 - Vítima de fome num centro de alimentação


Nova Iorque, 2001 - Procurando sobreviventes


Nicarágua, 1994 - Relíquia da Guerra Civil torna-se um monumento num parque